quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Editorial do Página 13 edição 112


Esta edição do jornal Página 13 dedica sua capa à campanha Tome Partido. Queremos estimular nossa militância a filiar ao Partido nossa base militante, nossa base social, nossa base eleitoral, especialmente trabalhadores, jovens, negros, mulheres.

Esta campanha faz parte da preparação do PT para o processo de eleição direta das direções partidárias, marcado para os dias 10 e 24 de novembro de 2013.

Em setembro de 2013, a Articulação de Esquerda terá 20 anos de existência. Dois meses depois, ocorrerá o 5º PED, no qual terão direito a votar mais de 1,5 milhão de filiados e filiadas ao Partido dos Trabalhadores.

A Articulação de Esquerda travou, ao longo destes 20 anos, uma batalha incessante pela construção do Partido dos Trabalhadores, nas ruas, nas urnas, nos parlamentos, nos governos, no debate de idéias na sociedade, nos movimentos sociais e nas instâncias petistas.

Cometemos erros, muitas vezes não estivemos à altura das necessidades, fomos derrotados em inúmeras oportunidades, mas nunca abrimos mão da defesa do socialismo, do programa democrático-popular, de uma estratégia revolucionária e de um partido da classe trabalhadora.

Defender estas posições segue atual e necessário.

A crise do capitalismo exige a construção de alternativas e torna possível recolocar o socialismo como alternativa prática para resolver os dilemas da humanidade.

Os avanços parciais obtidos durante os governos Lula e Dilma colocam o país diante da disjuntiva: retroceder ou fazer reformas estruturais.

A conjuntura internacional e regional, o monopólio da mídia, o financiamento privado das campanhas eleitorais, a ofensiva ideológica dos setores conservadores, a resistência que o aparato de Estado oferece ao processo de transformações, as mudanças sociológicas e geracionais em curso na sociedade brasileira, impõem a necessidade do PT retomar o debate estratégico.

As mudanças ocorridas no Brasil, na classe trabalhadora e no petismo exigem uma revolução profunda no Partido, se quisermos ser algo mais do que uma legenda eleitoral.

O PED 2013 será chamado a tomar posição frente a estes temas. Mas para que isto aconteça, de maneira direta e exitosa, será preciso nadar contra a corrente do pragmatismo, do taticismo, da despolitização, do senso comum.

E isto deve ser feito desde agora, na campanha eleitoral de 2012. Começando do princípio: as eleições são municipais, mas o que ocorrer nelas tende a influenciar e muito o que vai ocorrer nas eleições de 2014.

Caso a oposição tucana-demista, derrotada em 2002, 2006 e 2010, também perca as eleições de 2012 em praças importantes como São Paulo e Belo Horizonte, a tendência é que a polarização PT-PSDB, que marcou a história brasileira desde 1994, sofra uma mutação.

Esta mutação consistiria no seguinte: o conteúdo básico da polarização tende a prosseguir o mesmo; mas a forma vai mudar. O conflito entre projeto conservador e projeto democrático-popular vai continuar; mas o conflito principal se dará entre partidos que hoje fazem parte da base do governo. É neste sentido que se movimentam setores da base.

Falamos acima que o conteúdo básico da polarização PT-PSDB tende a prosseguir o mesmo. Falamos que tende, porque as opções ideológicas e programáticas feitas pelo PT e pelo governo Dilma podem resultar em mudanças também no conteúdo dos projetos em disputa.

Na maior parte da história brasileira, o projeto democrático-popular e socialista hoje encarnado pelo PT sempre foi minoritário. A polarização que dominou nossa história foi entre dois projetos capitalistas, dois projetos burgueses, um mais conservador, outro mais progressista.

As batalhas que se travam em torno da natureza da industrialização brasileira, do comportamento do governo frente às greves e de nossa política de alianças estão relacionadas, em última análise, a isto: seremos a locomotiva de um projeto democrático-popular ou seremos o último vagão de um projeto progressista?

Não se trata de uma opção apenas ideológica. Se não houver reforma política, se não houver financiamento público de campanhas eleitorais, nosso Partido continuará sendo arrastado para o pântano. O ocorrido recentemente na cidade de São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, em que um candidato petista a prefeito teve que renunciar, ao ser descoberto negociando com nossos inimigos recursos para disputar o PED, é apenas a ponta do iceberg: a despolitização, o domínio do marketing e os cabos eleitorais pagos estão se tornando parte da paisagem. E é extremamente preocupante como setores do petismo teimam em não tirar as conclusões das lições do passado e seguem adotando os métodos próprios da burguesia fazer politica.

E por falar em burguesia, esta segue a mesma e cada vez mais empenhada em destruir qualquer projeto que ameace a sua dominação de classe. A operação da midia conservadora conjugada ao julgamento no STF, onde o PT é tratado duramente, enquanto aos envolvidos no mensalão tucano se garante tratamento vip, é uma pequena mostra disto.

Por isto, 2012 é hora de batalhar e vencer nossos inimigos. E 2013 será hora de enfrentar e superar nossos dilemas internos. Tudo isto num cenário regional e mundial que se complica a cada dia. De tédio, como já dissemos, nenhum de nós morrerá.

O editor



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